PAULISTINHA: NOVA FÓRMULA, VELHA AMBIÇÃO

           Pela milionésima vez em poucos anos, a FPF (Federação Paulista de Futebol) aplicou severas mudanças no regulamento do Campeonato Paulista, o famoso “paulistinha”. De 2007 a 2010, a primeira fase do torneio permitia a continuidade na competição apenas para os quatro melhores classificados, com os mesmos posteriormente se enfrentando em semifinais e finais de ida e volta, na segunda fase. Porém, de acordo com as novas regras implantadas, os embates da segunda parte do campeonato se darão entre os oito melhores classificados, sendo a definição dos que seguirão em frente resultado de jogos únicos, nas semis, e de dois jogos, na derradeira etapa, a final. 

            Pode até ser verdade que para nós, torcedores, oito vagas signifiquem uma maior dinamicidade na reta final do campeonato, uma vez que os famosos matas-matas, se ampliados, podem eletrizar a competição. Entretanto, nunca devemos deixar de citar que, em um campeonato cada vez mais desvalorizado, ter vinte jogos para definir a passagem de oito clubes a uma próxima fase pode significar uma monotonia enorme, com a provável existência de “jogos-treinos”.

            Mas, infeliz e logicamente, essa modificação no regulamento não visa uma melhora na disputa, tampouco um acirramento da mesma. Por trás disso, está mais do que implícita a imensa ambição da péssima FPF, o que eminentemente provoca um rompimento oculto, porém cada vez maior, com os times do interior, que acabam sendo desvalorizados.

                     Considerando que os clubes “grandes”, isto é, Santos, São Paulo, Palmeiras e Corinthians têm apresentado uma alternância naqueles que seguem no torneio, a grana que chega a Del Nero e sua federação decresce junto, à medida que a audiência cai. A solução encontrada foi essa: abrir mais vagas, permitindo, assim, um aumento no Ibope e tornando mais fácil a classificação dos times de maior torcida, consequentemente ampliando o superávit da FPF.

             Triste é, porém, ver o quão imparcial é essa FPF. Se a ideia deles fosse dinamizar o campeonato, eles certamente fariam um torneio constituído apenas por mata-matas, o que sem dúvida valorizaria a competição. Entretanto, eles não querem saber disso. O que move Del Nero e suas ações é o caixa. Nesse sentido, os grandes clubes são os que mais podem ajudar, indiretamente falando. Logo, é visando o “fortalecimento” dessas equipes que regem as mudanças de regulamento. Ainda que o número de vagas seja o mesmo, tanto para times do interior, quanto grandes, é inegável que os de maior torcida sempre estão mais um passo a frente, segundo a FPF. Ou seja, as mudanças feitas pela FPF buscam – e sempre buscarão, ajudar os times grandes, e consequentemente fortalecer Del Nero. Sempre, a Federação Paulista de Futebol olha apenas para um lado da moeda. Sempre.